quinta-feira, agosto 25, 2011

Sem Rumo

Pouco tempo passou desde as eleições e este governo parece chão que já deu uvas. De erro em erro, de gaffe em gaffe até pode ser que no fim a coisa se endireite... mas não me parece.

Tudo bem, a herança é pesada, a troika não dá grande margem de manobra e o ambiente externo só afunda ainda mais a barca. Por isso tudo pedia-se um rumo... pedia-se a estes senhores a quem os portugueses depositaram a sua confiança que agissem com noção. Ora de medidinha em medidinha (como o governo PS de PEC em PEC) e de extorsão aos portugueses (como o PS de Sócrates) o PSD parece uma cópia barata ou cara, tanto faz, do anterior governo.

Digo PSD porque o CDS inacreditavelmente não existe. O vazio de poder nos ministérios liderados pelos centristas é óbvio. A inexistência de Paulo Portas surpreende-me.

A machadada final no crédito obtido por este governo, para mim, foi de facto o anunciado aumento do IVA sobre a electricidade e o Gás. Com este tipo de politicas até a ti Mariana de um monte perdido no Alentejo resolvia a crise.

Mais do mesmo não por favor... A sobretaxa ainda compreendo mas este aumento vai contra o mais banal bom senso. Ora passo a explicar:

No gás ainda percebo, dado que havia uma gritante injustiça a corrigir, no litoral que tinha acesso a gás natural pagava-se 6% de IVA, no interior, a famosa bilha, pagava 23%, daí as excursões a Espanha para trazer Gás a metade do preço.

Na electricidade é no entanto abominável.

Muito se fala em baixar a TSU das empresas para ser mais competitivas nos custos. Eu próprio defendi essa hipótese, hoje tenho algumas dúvidas porque os pressupostos defendidos pelo PSD para essa baixa não existem.

Ponto 1: É simplesmente idiota baixar apenas para algumas empresas. Mais uma vez distorce-se o mercado com excepções e bonificações que tornam opaca a legislação, como são dados os benefícios, etc. Quando a regra é a excepção o que resulta é a confusão. Parece-me um bom slogan...

Ponto 2: Queria-se que apenas empresas exportadoras fossem as beneficiadas pela descida da TSU. Ora expliquem-me a necessidade desta medida se as exportações estão em forte crescimento! Expliquem-me porque se onera as que estão em maiores dificuldades, as que competem no mercado interno e se alivia nas que estão a funcionar bem. Isto é completamente o oposto do que se devia fazer. O resultado disto, é que depois mais à frente quando for necessário estimular as exportações quando atingirem um ponto de estagnação, esta que poderá ser uma boa medida não se poderá aplicar porque não existe margem.

Ponto 3: Baixar para todas tenho dúvidas sobre os efeitos, porque os portugueses não andam para gastar dinheiro, daí que me pareça neste momento seja prematuro tal medida, e isto sem contar nos efeitos sobre a segurança social.

Voltando atrás então... que sentido tem baixar a TSU em alguns pontos se na volta aumenta-se o custo da energia em 20%. Admito que para os consumidores privados, na maioria, este aumento seja suportável, mas... e para as empresas? Não será completamente insuportável para um restaurante, para uma fábrica ou para um supermercado onde há forte concorrência aumentar os custos da electricidade em 20% e para muitos outros, mais 20% no gás. Um restaurante em Lisboa pode ver os custos de energia aumentar 40%... 40%!!!

Ora digam-me lá se é desta forma que se estimula o crescimento e o investimento? para que serve então descer a TSU, dá-se uma mãozinha aos empresários pela frente e arranca-se-lhes o braço por trás?

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