sexta-feira, outubro 01, 2010

Portugal perde comando da NATO em Oeiras

Já está decido. Mas o anúncio só será feito dias depois de terminar a cimeira da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) que se realiza em Lisboa, entre 19 e 21 de Novembro.

O comando da NATO em Oeiras vai ser encerrado. A reestruturação de comandos da organização está a ser equacionada numa lógica de racionalização de estruturas e redução de custos. O anúncio será feito dias depois da cimeira que reúne em Lisboa os chefes de Estado e de governo da Aliança atlântica.


As diligências portuguesas junto do secretário-geral da NATO, em Bruxelas, não chegaram para manter o comando militar. O ministro da Defesa, Augusto Santos Silva, participou há duas semanas numa reunião informal de dois dias com os ministros da Defesa da União Europeia, mas acabou por se encontrar também com Anders Fogh Rasmussen. Na agenda estava a preparação da próxima cimeira da organização em Lisboa e a manutenção do comando de Oeiras foi abordada.

A possibilidade de encerramento do comando de Oeiras não foi, de resto, excluída pelo novo embaixador português na NATO. João Mira Gomes reiterou que "ainda é muito cedo para falar" no encerramento do comando de Oeiras, mas lembrou que todos os países com estruturas da organização no seu território estão a lutar para as manter. O embaixador acrescentou ainda que "o produto operacional que sai de Oeiras é muito bom": "É um quartel-general ao qual foram acometidas missões muito importantes para a NATO, que tem uma boa relação custo/eficácia, que beneficia de um bom apoio da nação hospedeira e que está numa região estratégica e importante para a NATO".

Esta argumentação não influenciou, por exemplo, o relatório de 46 páginas entregue a 17 de Maio por um grupo de 12 peritos presidido pela antiga secretária de Estado norte-americana, Madeleine Albright, em que são formuladas sugestões para o novo conceito estratégico da Aliança. Santos Silva chegou a afirmar que o relatório, apesar de "muito bem elaborado", não prestava a atenção devida ao Atlântico Sul. "Na nossa opinião, não presta tanto atenção ao Sul quanto a NATO deveria", disse o ministro da Defesa.

Uma primeira versão do texto já foi entregue aos embaixadores dos Estados-membros. E, segundo fonte diplomática, está previsto um debate informal com Rasmussen sobre o tema já a partir desta terça-feira. O novo texto será sujeito a discussão pelos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa da Aliança numa reunião a 14 de Outubro, em Bruxelas. A versão final será depois submetida aos chefes de Estado e de Governo na cimeira de Lisboa de Novembro.
O objectivo passa por chegar a um acordo sobre o novo conceito estratégico que não é revisto desde 1999.

[A falta de categoria, a falta de peso político e a falta de capacidade negocial do actual ministro da Defesa mostrou-se essencial para este desfecho. Parabéns ao governo português por conseguir que Portugal seja reduzido quase à insignificância estratégica, no que à NATO se refere.]

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