segunda-feira, agosto 23, 2010

Ministro da Defesa de Angola visitou hoje a "colónia" de Cabinda

in Notícias Lusófonas

Cândido Pereira Van-Dúnem sentiu necessidade de falar da “moral psico-militar das tropas". Porque será?

O ministro angolano da Defesa, Cândido Pereira Van-Dúnem, afirmou hoje, na colónia de Cabinda, que a situação político-militar na região é estável. Mau grado a tese oficial de que as forças de FLEC não existem, o regime angolano continua a reforçar o dispositivo militar, provavelmente para justificarem novas detenções por supostos crimes contra a segurança do estado.

Em breves declarações à imprensa no palácio do governo da colónia, no término da sua estada de algumas horas à colónia, o titular da pasta da Defesa, considerou de salutar a interacção de actividades entre as forças armadas angolanas e o Governo no tocante à sua participação em acções sociais nas comunidades.

No encontro mantido com os membros da direcção do Quartel General da Região Militar Cabinda, Cândido Pereira Van-Dúnem, indicou que o mesmo serviu para tratar de questões militares especificas tendo em conta a realidade poltico militar da colónia de Cabinda, tido como de estável.

Nada de preocupação tanto no seio das forças armadas bemcomo no que diz respeito à moral psico-militar das tropas", disse o ministro, não explicando a razão pela qual num suposto cenário de absoluto domínio militar angolano era necessário falar da “moral psico-militar das tropas".

Quanto à reunião com o governo da colónia, o governante disse que a mesma centrou-se na análise profunda sobre a situação da reinserção dos ex-militares e também das questões relacionadas com as actividades dos militares nos programas do Governo.

O titular angolano da Defesa, chefiou uma delegação integrada por oficiais superiores do seu Ministério com destaque para o chefe do Estado Maior do Exército, general Jorge Barros Nguto.

Cândido Pereira Van-Dúnem recebeu no aeroporto cumprimentos de boas vinda do vice-governador da colónia, António Manuel Gime e do general Lúcio Amaral, chefe Estado Maior Adjunto do Exército.

Se, de um ponto de vista de propaganda internacional, o governo angolano continua a tentar passar a imagem de pacificação total na colónia de Cabinda, do ponto de vista interno, o Jornal de Angola (JA), estatal e único diário generalista angolano, órgão oficial do regime/MPLA, continua a chamar “terroristas” aos activistas cívicos condenados pelo tribunal da colónia de Cabinda por suposto crime contra a segurança de Estado.

Com o título "Terroristas condenados em Cabinda", em que abordou a condenação do economista Belchior Lanso Tati a seis anos de cadeia, o padre Raul Tati a cinco, o advogado, Francisco Luemba, a outros cinco e o ex-polícia Benjamim Fuca a três anos de prisão, o JA adianta - seguindo a velha tradição marxista do regime - ainda que a pena resulta da implicação destes no “ataque terrorista” à seleçcão do Togo.

A escolta angolana à selecção de futebol do Togo foi atacada a 8 de Janeiro em Cabinda por uma facção dos guerrilheiros da FLEC, de onde resultou a morte de dois dos seus elementos, quando se preparava para integrar o grupo local da Taça de África das Nações (CAN 2010).

O jornal estatal angolano lembra que os activistas estavam acusados de pertencer à facção da FLEC que “reivindicou o atentado”, o que estes negaram em julgamento, e, diz ainda o JA, que na sua posse estavam documentos a reivindicar o ataque.

Em Cabinda, a única colónia remanescente na África Negra, Angola confirma que apenas está disposta a manifestar e concretizar a vontade política de prejudicar o povo de Cabinda e nunca de construir e resolver a bem o problema que, com mais ou menos propaganda, que com mais ou menos petróleo, continua a ser Cabinda.

Ficou bem claro e dissiparam–se as dúvidas, sobretudo para aqueles que de Lisboa a Luanda, apregoam nos areópagos internacionais que o Presidente José Eduardo dos Santos e a sua Angola são pela justiça e pela paz em Cabinda.

Só os golpistas ingénuos da FLEC, quais clones do MPLA, Alexandre Tati, Estanislau Boma, Antoine Nzita Mbemba e Carlos Moisés e Veras Luemba (o negociador-mor) acreditam nisso. O povo de Cabinda, os seus verdadeiros amigos e os demais resistentes esclarecidos não embarcam na cantiga do bandido.

Acresce a este estado de coisas a propaganda (destinada só para Cabinda) da afectação de 300 milhões de dólares - que ainda não chegaram nem vão chegar, como é costume - para a acção de cosmética social, a panaceia estratégica para o mal de Cabinda, que 40 anos depois, segundo a crença dos ideólogos da ocupação vai esfriar os ânimos independentistas quiçá a consciência já consolidada do patriotismo e nacionalismo esclarecido Cabindês que remonta do Tratado de Simulambuco.

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