quarta-feira, agosto 05, 2009

O que parece raramente não é

Caro Braveman,

A exclusão de Pedro Passos Coelho das listas do PPD/PSD não me surpreeende. Desde a implantação da democracia vigente que é hábito os presidentes (ou secretários-gerais) dos partidos porem e disporem das listas de candidatos a seu bel-prazer.
Saber se o presidente de um partido tem que estar, efectivamente, no parlamento para questionar o Governo e ter impacto na sociedade ou nos media, é outra questão.

Na minha modesta opinião dever-se-ia seguir o exemplo inglês. A monarquia inglesa é, quase sempre, a melhor fonte de inspiração. Assim, dizem os ingleses nas suas leis não escritas, que não pode ser presidente de partido político quem não for deputado, precisamente porque é no Parlamento que se discute o país. O Presidente de um partido relevante, maioritário ou não, tem que ter obrigatoriamente assento no Parlamento. Ou seja, não interessa por onde concorre ou se pertence à oposição ao líder que faz a lista, interessa que tenha assento no parlamento.

Ao mesmo tempo que fiz a afirmação de cima, também digo que as coisas na prática às vezes não são tão fáceis. Digo-o, porque estive no congresso que consagrou Ribeiro e Castro (ReC) como presidente do CDS/PP e lembro-me de o argumento do "assento no assembleia" ser usado como arma de arremesso. Tudo porque Telmo Correia estava dado como líder do partido ainda antes de alguém sequer ter nele votado e também porque ReC havia feito o discurso da sua vida, emocionando os congressistas (inclusivé a mim). Tentaram arranjar de tudo para que ele não fosse eleito presidente. Não dava jeito a muitos. Mas eu estive humildemente com ele, votei nele e achei que o "argumento parlamentar" não colhia.

Mais tarde apercebi-me que havia algum fundamento na ideia. Não tanto pela vertente mediática e interventiva que a Assembleia proporciona, mas mais porque em Portugal os media acabam por ser tão sectários (ou acabam por reflectir a realidade do país) que não passam o que quer que seja que aconteça fora do parlamento. Sem dúvida que o parlamento é o lugar mais nobre da democracia, e tanto que tem sido vilipendiado, mas não havendo nada perfeito é melhor a imperfeição.

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