terça-feira, junho 30, 2009

Portugal e São Tomé e Príncipe vão assinar acordo de paridade cambial Cabo Verde

Portugal e São Tomé e Príncipe assinam na segunda quinzena de Julho um acordo de cooperação cambial, disse a ministra do Plano e Finanças são-tomense.
"O acordo visa sustentar a paridade cambial entre a dobra (moeda são-tomense) e o euro", disse Ângela Viegas, acrescentando que o acordo será "sustentado por uma linha de crédito" que o Governo português vai colocar à disposição do arquipélago.

A ministra não se referiu ao montante da referida linha de crédito, tendo sublinhado apenas que o financiamento terá utilidade em caso de haver "algum problema com as reservas cambiais".

"As vantagens são muitas", justifica a titular do Plano e Finanças de São Tomé e Príncipe, tomando como um dos exemplos a importação de mercadorias.
"Os nossos comerciantes importam mercadorias hoje a uma taxa de câmbio. Com a permanentemente depreciação da dobra face ao euro, quando têm que pagar aos seus credores, a taxa de câmbio já será outra", disse Viegas.

"Com uma paridade fixa entre o euro e a dobra, a maior parte desses problemas deixam de existir, considerando que as nossas importações são fundamentalmente da Zona Euro", acrescentou.

"A taxa de inflação que temos até ao fim do ano é de dois dígitos. Com a paridade cambial fixada ao euro a tendência é de que essa taxa de inflação diminua ou esteja ao nível desses países", disse.
A governante são-tomense acredita que o acordo de paridade cambial com Portugal "não será tudo", mas considera-o "um importante instrumento" para o desenvolvimento da economia do arquipélago.

O acordo, segundo a ministra, vai ainda permitir diminuir a taxa de inflação, que será acompanhada também da diminuição da taxa de juro sobre os créditos concedidos pelos bancos.

"Essas taxas de juro já não serão tão altas. Elas tenderão a diminuir ao nível dos países da zona euro", disse Ângela Viegas.

A medida surge no quadro do projecto do Governo são-tomense "para o novo ciclo económico", que inclui o reforço da reforma das finanças públicas e o rigor na política monetária e fiscal.

segunda-feira, junho 22, 2009

Investigadores portugueses estudam pela primeira vez documento do jesuita português, de 1614

Foi Manuel Dias que ensinou aos chineses quem era Galileu.

Chama-se Sumário de Questões sobre os Céus. É um documento de 100 páginas, com prefácio. E a estrutura do texto vem no formato de perguntas - colocadas por um chinês - e de respostas - dadas por um ocidental com conhecimento de astronomia. O ocidental era um padre jesuíta português, chamado Manuel Dias. E foi ele quem apresentou Galileu e as suas descobertas à China, em 1614, apenas três anos depois de o trabalho de Galileu ter sido publicado.

Há dez anos que Henrique Leitão, investigador do Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia, andava atrás deste documento e do contributo de Dias para o conhecimento da astronomia e dos achados de Galileu na China. Sabia da existência do documento, onde o jesuíta Manuel Dias contava como funcionava o telescópio de Galileu e o que o mestre italiano teria descoberto sobre as maravilhas do Universo. "É um texto que está em todas as bibliotecas imperiais chinesas, o original é de 1615. Mas foi reeditado até ao século XIX, o que significa que teve imenso impacto na cultura chinesa. Notícias de que havia este texto existem desde o princípio do século XX. Mas nenhum português pensou: vamos lá ler o que vem aqui escrito."

Mas, tratando-se de um documento em chinês, Henrique Leitão precisava de alguém que lesse chinês clássico e soubesse de história da ciência para o poder interpretar. Lembrou-se então de um antigo colega de liceu, chamado Rui Magone. Não se viram durante anos. Voltaram a ver-se em Berlim em 2002 e trocaram as perguntas do costume. Leitão dedicava-se então à física. Mas a história da ciência, que haveria de o ocupar em exclusivo, tentava-o. Rui Magone contou como tinha chegado ao estudo do chinês e da cultura chinesa. Quando Leitão decidiu dedicar-se ao documento de Dias, lembrou-se então do sinólogo amigo de liceu. Magone precisou de 5 horas para uma primeira leitura do documento em chinês clássico.

Investigador do Max Planck Institute de História das Ciências, Magone aproveitou uma visita este mês a Lisboa - para uma conferência na Universidade Católica sobre a sua especialidade, o sistema de exames chinês (a forma antiga para seleccionar os intelectuais chineses) - para se dedicar ao estudo aprofundado deste documento, juntamente com Leitão.

"É incrível como em Portugal ninguém sabe disto. Para Portugal, no ano em que se comemora o Ano Internacional da Astronomia, 400 anos depois das primeiras observações de Galileu, esta é a história mais importante que se podia revelar."

Leitão frisa a própria estrutura do texto como um dos aspectos mais interessantes do documento: "Já existiam documentos de autores ocidentais sobre astronomia traduzidos na China no século XVII. Mas este é mais vivo, é uma conversa", diz Leitão, enquanto folheia a cópia do documento de Dias, enviada pela Academia Sínica, a grande instituição de investigação de elite chinesa. "Mostra que os jesuítas sabiam o que interessava aos chineses sobre a astronomia ocidental."

E o que é que interessava aos chineses? "Por exemplo, na China havia um interesse enorme pela previsão de eclipses. Um eclipse que não estivesse previsto era encarado como um mau sinal, como se o céu não estivesse contente com os imperadores e mandassem aquele recado do céu", explica Magone. O que é a Terra, o horizonte, a latitude e longitude, o equador celeste, são algumas das noções explicadas na sequência de perguntas e respostas do documento de Manuel Dias.

"Tem tabelas com as várias latitudes na China. São as primeiras tabelas destas na China. Não havia ainda a noção de latitude na cosmografia chinesa", conta Leitão folheando as páginas, nas quais só consegue descodificar as imagens, como uma criança que folheia um livro ilustrado. "São perguntas e respostas que revelam o conhecimento do comunicador e aquilo que o interlocutor ansiava por saber", diz o investigador.

A fotocópia do documento que folheia em cima da mesa, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, é uma reedição do século XVIII. Mas ainda não desistiu de encontrar a primeira edição. "Andamos atrás dela. Ou está em Oxford ou na Biblioteca do Vaticano", diz, referindo que, para além de estar presente nas bibliotecas pessoais dos imperadores chineses, este documento deve ter exemplares em bibliotecas europeias. "Mas nunca foi procurado com cuidado na Europa."

Leitão volta a centrar-se numa imagem, a de um círculo, com dois outros pequenos círculos que o orbitam, exemplificando um dos maiores achados de Galileu, as fases de Vénus, que desmontavam o sistema de Ptolomeu e sustentavam a teoria heliocêntrica apresentada por Copérnico.

No final do documento lá vem a alusão às observações feitas por Galileu, em 1611. Magone ajuda a descodificar para lá das imagens: "Refere-se nas últimas páginas a um sábio ocidental famoso que revelou segredos do Sol, da Lua e outros objectos, mas que, com os olhos já frágeis, construiu um instrumento para os observar", conta o sinólogo. E Manuel Dias prometia relatar mais novidades sobre o assunto assim que lhe chegassem mais dados.

A Aula da Esfera
No início do século XVII, a Companhia de Jesus dominava a educação no mundo com uma enorme rede de jesuítas dedicados ao ensino, quase 700. O ponto central da rede localizava-se em Roma e, a partir daí, multiplicava-se em vários ramos, ou assistências. Uma dessas assistências, a portuguesa, propagou-se pelo mundo todo, do Brasil à China, passando pela Índia, Japão e Timor.

"Era a maior assistência dos jesuítas e a que tinha menos efectivos, pelo que tiveram de importar estrangeiros", conta Leitão sobre o recurso na altura a jesuítas italianos, que divulgaram precocemente em Lisboa os feitos dos sábios da época, entre eles Galileu.

Um desses jesuítas, Giovanni Paolo Lembo, que era até amigo pessoal de Galileu, chega a Lisboa em 1614 e no ano seguinte já ensinava na "Aula da Esfera", a aula de Matemática do colégio jesuíta de Santo Antão. Os apontamentos portugueses de Lembo são mesmo famosos, porque têm as mais antigas instruções conhecidas no mundo sobre a construção de telescópios.

Leitão e Magone explicam que terá sido este conhecimento tão profundo dos jesuítas em Portugal em relação aos feitos de Galileu que fez com que as descobertas do sábio fossem tão precocemente reveladas em Lisboa, e depois no mundo, através da rede da Companhia de Jesus.

Manuel Dias, que nasceu em Castelo Branco em 1574 e que ingressou na Companhia de Jesus em 1593, estudou Filosofia em Coimbra antes de partir para a Índia, Macau e entrar na China em 1610. Chegou a Pequim em 1613, onde redigiu o Sumário de Questões sobre os Céus. Ironicamente os jesuítas na China estavam proibidos de ensinar disciplinas não religiosas, como a Astronomia ou a Matemática. Entre 1625 e 1635 Manuel Dias foi a autoridade máxima da companhia na China. Morreu a 4 de Março de 1659.

"Como é que é possível que alguém em Pequim tenha sabido disto em 1614, quando estas observações de Galileu são de 1611, apenas três anos antes?", questiona Henrique Leitão, acentuando o papel do documento de Manuel Dias. Até ao século XX, quando um chinês queria informar-se sobre Galileu, era este texto de Manuel Dias que lia. "E em Portugal ninguém liga", observa sobre o papel deste jesuíta, que não se resume a este documento. "O primeiro globo da China é feito por Manuel Dias e pelo italiano Nicolau Longobardo. É de 1623, quando ainda não havia noção na China de que a Terra era esférica. A toponímia é toda portuguesa. Ainda existe e está na British Library."

Portugal/Tailândia: Da história para a ópera

O compositor Sequeira prepara uma ópera cantada em português e thai. Descendente de portugueses, é ainda aparentado à fadista Carminho.

Uma ópera, eventualmente cantada em português e thai, poderá ser a próxima "aventura" de grande fôlego de um compositor tailandês que mantém o apelido Sequeira, partilhado por 25 gerações de uma família cuja história remonta aos dias do reinado de D. Afonso Henriques. A celebração, em 2011, dos 500 anos do primeiro encontro entre portugueses e tailandeses poderá ser a ocasião para a sua apresentação, mas a trama narrativa que dará personagens e acção à ópera recordará antes episódios reais vividos por familiares seus, já em finais do século XVII, com cenário no sudoeste asiático.

Pathorn Bede Sirkaranonda de Sequeira é, aos 36 anos, uma das mais respeitadas figuras da música erudita tailandesa. Tal como em tempos o fez o seu pai, D. Raimundo Amato de Sequeira (a quem foi dado o nome thai Manrat Srikaranonda), dirige a banda particular do Rei, onde toca saxofone, revisitando nas noites de sábado peças de referência do repertório jazzístico.

Formado nos EUA e na Escócia, Pathorn tem extensa obra como compositor, incluindo já uma ópera, duas sinfonias e variadas peças de música de câmara e para piano. Admira os minimalistas, conhece vários compositores portugueses (de Carlos Seixas a Lopes Graça) e há três anos compôs para português a oratória E se mais Mundo Houver, lá Chegara… usando excertos de Os Lusíadas. A irmã é pianista, representando ambos a quarta geração de músicos de uma família que, cumprindo missões oficiais da coroa portuguesa, chegou à Ásia no século XVII e se radicou em Banguecoque em 1890. Entre os seus familiares distantes, no outro lado do mundo, conta-se a fadista Carminho.

Os jardins da embaixada portuguesa em Banguecoque seriam, para si, o espaço perfeito para a estreia da nova ópera. E não gostariam os palcos portugueses de a poder também descobrir?

Portugal/Tailândia: Banguecoque dos Dias e dos Costa

Jirawach Wongngernyuang não chegou a conhecer o seu bisavô, mas foi por causa dele que aprendeu português. O jovem é o único luso-tailandês que fala o idioma dos seus antepassados num bairro católico da cidade budista de Banguecoque.

O bairro chama-se Santa Conceição e fica numa das margens do rio Chao Phraya, na zona de Dusit. O seu nome deve-se à Igreja da Imaculada Conceição, construída em 1837 por missionários franceses no local outrora ocupado por uma igreja portuguesa.

Atrás da Igreja da Imaculada Conceição há uma outra igreja, mais pequena, construída em 1674 pelo padre Luís Laneau para a comunidade portuguesa.

sexta-feira, junho 19, 2009

Portugal defende rede de escolas portuguesas nos países da CPLP

O ministro da Cultura português, António Pinto Ribeiro, defendeu hoje em Luanda a criação de uma rede de escolas portuguesas em todos os países da CPLP para fortificar a presença portuguesa no mundo lusófono.

Pinto Ribeiro visitou hoje a Escola Portuguesa de Luanda (EPL), que considerou “um bom exemplo” daquilo que deve ser a presença portuguesa na CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa).

Acho que devemos ter como propósito criar uma rede de escolas portuguesas em todos os países da CPLP e em todos os sítios onde há grande diáspora da língua portuguesa”, frisou Pinto Ribeiro, que se encontra em Angola, no âmbito das comemorações do 10 de Junho.
O governante português fez referência à qualidade do ensino que é ministrado na EPL, escola frequentada por mais de mil alunos, maioritariamente portugueses, angolanos e luso-angolanos.
Esta escola é extraordinária do ponto de vista da qualidade do ensino. É uma escola cosmopolita frequentada por alunos de muitas nacionalidades que se encontram em Luanda”, referiu.

Relativamente ao arranque da segunda fase de construção da escola, questão que se arrasta há vários anos e que contemplará a multiplicação do número de salas, António Ribeiro disse que a questão está a merecer análise por parte das autoridades portuguesas, não tendo avançado contudo uma data!.
A oferta da EPL é actualmente insatisfatória perante a crescente procura, tendo esta situação como razão essencial o aumento do número de portugueses em Luanda, especialmente nos últimos três anos, em que oficialmente se estima que a comunidade tenha crescido em cerca de 30 mil pessoas.

Falámos nisso, estamos a tratar disso. Sabemos que há sítio e portanto vamos tratar de fazer esse arranque. Depende directamente dos Ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Educação fazer esse esforço, mas tenho a certeza que vai ser feito. Falei com o ministro da Educação antes de vir”, sublinhou.

António Pinto Ribeiro reconheceu a necessidade de alargamento da escola, frisando que o Estado português “está capacitado para isso”, num investimento que está na ordem dos nove milhões de euros.
É possível fazer-se isso, acho que para projectos de excelência, nomeadamente através do Fundo da Língua, nós poderemos apresentar este projecto para ser apoiado. Há neste momento verbas disponíveis. É preciso fazê-lo inteligentemente, agilmente e rigorosamente, mas não tenho dúvida de que isso se fará e nos próximos tempos”, disse.

Finibanco vende 3% a angolanos "acima de toda a suspeita"!

Humberto Costa Leite revela quem são os accionistas do Finibanco Angola.

Costa Leite afirma que "houve a entrada de accionistas angolanos. Talvez não na dimensão que nós pretendíamos, até por algumas restrições que surgiram em Angola no que diz respeito a investimentos fora do País, mas conseguimos ter aqui alguns accionistas angolanos", revelando a seguir mais pormenores "temos um que é também accionista do Finibanco em Angola, o ex-governador de Benguela, Dumilde Rangel, que ficou com uma posição aqui em Portugal. Depois há accionistas individuais e outro luso-angolano".

No seu conjunto, terão "atingido uma posição de 3%" do capital do banco.

[Ora, Dumilde Rangel, ex-governador de Benguela, economista e actual deputado do MPLA na Assembleia Nacional de Angola, é conhecido como o "Senhor 30 %" devido a cobrar, à cabeça, 30% de comissão em qualquer projecto que se realizava na província. Além disso, num dos maiores escândalos da sua governação, assistiu ao desabamento da ponte do rio Cavaco, que desabou no dia da inauguração.
Um orgulho para o Finibanco, sem dúvida!].

quarta-feira, junho 17, 2009

Obscenidades

Muito se tem falado da transferência de Cristiano Ronaldo e do seu ordenado... apelidam os valores de obscenos.
Obsceno! Obsceno! é o ordenado de Vítor Constâncio... ainda por cima Ronaldo ainda cumpre com as suas obrigações!

MNE destaca importância do papel dos cônsules honorários

A importância do papel dos consulados honorários para o reforço da rede diplomática de Portugal no mundo foi hoje destacada em Lisboa pelo chefe da diplomacia Luís Amado.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, que intervinha na abertura dos três dias de trabalhos do I Encontro de Cônsules Honorários, disse ser necessário garantir que a acção destes diplomatas "não continue a ser solitária e desgarrada".

A iniciativa, da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, juntou em Lisboa 18 cônsules honorários, provenientes do Continente africano, americano, asiático e da Oceânia.

segunda-feira, junho 15, 2009

Clientes correm para a empresa Boca do Lobo

A jovem marca de Rio Tinto não sabe o que é a crise. Exporta 80% da sua produção para os EUA, França, Inglaterra, Rússia e Grécia.

Criada há três anos e meio, a Boca do Lobo conquistou o mercado do design de vanguarda, estando representada em países como os Estados Unidos, França, Inglaterra, Rússia ou Grécia, sem quaisquer sinais de crise.
A marca é "bastante rentável" e exporta 80% da sua produção, garante Pedro Sousa, um dos três sócios e o designer responsável da empresa sediada em Rio Tinto. "Não sentimos a crise. Aqui não sabemos o que isso é", orgulha-se.

O sucesso da marca foi quase imediato, mas a sua criação foi demorada. "Perdemos imenso tempo a saber qual era a linguagem, a estudar outras marcas de luxo, a saber que tipo de texto escrevem, como se apresentam, como contactam os clientes. Aprendemos por nós, não consultámos nenhum guru. Foi um estudo bastante intenso e penso que deu este resultado por causa disso mesmo", salienta o designer.

Durante este período, chegaram à conclusão de que a criatividade dos desenhos não era suficiente para fazer a diferença.
"Éramos novos, havia que dar alguma credibilidade à marca. Definimos que ia ser uma marca com muito de ligação à tradição. Não queríamos ser mais uma marca a seguir o design emergente actual. Tentamos perceber o que já foi feito. Peças como um Luís XV ou uma Arte Nova vão ter sempre mercado e as pessoas ligam-se a elas de uma maneira afectiva", recorda.

Não foi só no estilo que os três sócios quiseram apostar na tradição: tentaram, também, recuperar as técnicas artesanais existentes no País. "Sabemos trabalhar bem a madeira, mas as empresas quiseram seguir o que o mercado europeu fazia e industrializaram-se de uma maneira que não condiz com o que sabemos fazer, que é trabalhar à mão", sublinha.
O segredo foi juntar a inovação ao requinte das peças feitas à mão, por gente com anos de trabalho nos tornos de madeira. "Desde a idade medieval que as peças eram olhadas com muito pormenor. Estas peças têm algum requinte que se perdeu, mas ainda existem pessoas que as fazem. Acontece que não houve revitalização. Ficaram muito paradas no tempo. Tento perceber como se produzem e dar algo de novo", descreve.

É através de gabinetes de decoração de interiores, de representantes da marca ou de galerias que os móveis da Boca do Lobo chegam a casa dos clientes finais.
Tudo gente com muito dinheiro: o Mondrian (todas as peças têm nome próprio e um dos aparadores desenhados por Pedro Sousa recebeu o nome do pintor holandês) tem como preço recomendado 13 mil euros. "Não é caro", diz. "Se pensarmos que para o fazer são precisos 17 fornecedores diferentes, que esses fornecedores são de uma pequena empresa, que podem falhar no prazo de entrega. Há muito trabalho, é preciso andar sempre em cima deles, e isso são coisas das quais outras empresas não querem depender".

Presidente da Comissão Galega do Acordo Ortográfico pede asilo a Portugal

O presidente da Comissão Galega do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, José Luís Fontela, disse que pediu asilo político ao Governo português, como primeiro passo para pedir nacionalidade portuguesa.

"Quero liberdade. Pedi asilo político para que não me tirem direitos, liberdades e garantias", disse Fontela, advogado, poeta e escritor, acusando os serviços de informação espanhóis de "controle de correspondência" e "sequestro de livros".

Fontela, natural da Galiza, referiu que vive em Portugal "desde 1992", primeiro em Viana do Castelo, depois em Valença, onde ainda tem residência oficial, e agora em Braga, onde quer continuar a viver.
O pedido de asilo político, enviado por carta ao Conselho de Ministros, é o "primeiro passo" para pedir a nacionalidade portuguesa, mas José Luís Fontela aceita outro estatuto.
"Se me derem estatuto de apátrida, fico contentíssimo", salientou.

O advogado e poeta afirmou que desde os nove anos que lhe chamam "separatista", por ser republicano, tal como o seu pai, e defender o Português como língua oficial e nacional da Galiza.

"Defendemos a língua portuguesa como língua oficial da Galiza. É uma linha cultural. Aqui não há nada de político", frisou, afirmando-se "republicano, federalista, democrata e socialista".

José Luís Fontela referiu que enviou da Galiza vários livros de poemas, de linguística, de pintura e de escultura para pessoas de outros países, como a Alemanha e o Brasil, mas não chegaram ao destino.

A seguir, fez o mesmo a partir de Portugal, e os livros chegaram, pelo que concluiu que os serviços de informação espanhóis, que apelidou de "polícia política monárquica", estão a fazer "controles de correspondência" e a "sequestrar cartas e livros".

Fontela disse ainda que anexou ao pedido enviado ao Governo português uma carta dirigida ao ministro do Interior de Espanha em que denuncia os alegados sequestros de correspondência.

quarta-feira, junho 03, 2009

Portugal convidado de honra do Salão Europeu de Investigação e Desenvolvimento em Paris

Portugal é o país convidado de honra do 5.° Salão Europeu de I&D (Investigação e Desenvolvimento), que se realiza entre hoje e sexta-feira, em Paris.

O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, José Mariano Gago, participa hoje na conferência inaugural subordinada ao tema "Investigação e Desenvolvimento perante o desafio da recuperação económica".

Os investigadores portugueses Alexandre Quintanilha, ex-presidente do Instituto de Biologia Molecular e Celular, e Maria do Carmo Fonseca, do Instituto de Medicina Molecular, vão falar hoje, numa conferência, sobre a I&D nacional nas áreas das Ciências da Vida e da saúde.

O futuro das Tecnologias e das Ciências do Mar será o tema da conferência que os cientistas portugueses António Pascoal, do Instituto de Sistemas e Robótica, e Pedro Afonso, da Universidade dos Açores, apresentarão no último dia do Salão.

Naquela que é apresentada como a manifestação líder de I&D, internacionalmente e profissionalmente, Portugal, no seu stand, vai dar a conhecer alguns casos de inovação empresarial e dados estatísticos relativos a evolução da Ciência e Tecnologia nacional.

Ministro da Energia dos Emirados Árabes Unidos reconhece avanço português nas renováveis

O ministro da Energia dos Emirados Árabes Unidos (EAU), Mohamed Bin Dhaen Hamli, considera "Portugal um país muito importante na área das renováveis", mostrando interesse em retribuir a visita portuguesa para estreitar negócios entre os dois países.

"Há muitas oportunidades de negócios em muitas áreas. Portugal é dos países mais importantes nas energias renováveis e nós também queremos desenvolver esta área. Existem muitos interesses comuns e, por isso, oportunidades para trabalhar juntos", disse aos jornalistas, no final de uma reunião com o ministro da Economia, Manuel Pinho, e alguns empresários portugueses. "Pensamos que podemos trabalhar juntos em projectos como as cidades livres de carbono", acrescenta o ministro da Energia dos EAU, numa referência ao projecto da eco-cidade de Masdar, em Abu Dhabi, que a comitiva portuguesa visita hoje ao início da tarde. "Somos ricos em petróleo e gás, mas não vão durar para sempre. Talvez mais uns 70 anos. Durante a minha vida não vou ter problemas, mas precisamos de encontrar outras formas de energia complementares às formas tradicionais para os nossos filhos", explica Dhaen Hamli.

O governante realçou que "a experiência portuguesa é muito importante", acrescentando que as parcerias podem acontecer na área das energias renováveis, mas também "em negócios tradicionais, como o do petróleo e do gás e até nas telecomunicações e na fibra óptica".

O ministro da Energia prometeu visitar "assim que for possível" Portugal para conhecer mais de perto a realidade empresarial e prosseguir a missão de incentivar as parcerias económicas entre os dois países.

Na reunião de 45 minutos, EDP, Galp Energia, REN, Visabeira, DST e Cabelte tiveram oportunidade de mostrar os seus projectos nas áreas das energias e das telecomunicações.
De acordo com a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), "as relações comerciais entre Portugal e os Emirados Árabes Unidos estão ainda muito aquém das suas potencialidades".
Em 2008 o mercado arábico ocupava a 40.ª posição como cliente e a 56.ª como fornecedor de Portugal.

As trocas comerciais são favoráveis a Portugal, com as exportações portuguesas a crescerem a um ritmo médio anual de 23% nos últimos cinco anos.
Segundo a AICEP, o comportamento das importações está fortemente dependente das compras de combustíveis minerais, verificando-se, nos últimos cinco anos, um crescimento médio anual da ordem dos 111%.