terça-feira, julho 03, 2007

Guiné Equatorial admite adoptar língua portuguesa

A Guiné Equatorial está disponível para adoptar o português como língua oficial para poder entrar na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), revelou o secretário executivo da organização.

Luís Fonseca afirmou que a disponibilidade foi manifestada pelo executivo de Teodoro Obiang durante a visita de dois dias que fez à Guiné Equatorial no final da semana passada.

A Guiné, actualmente Observador Associado da CPLP, quer ainda apoio dos "oito" para difundir o ensino da língua portuguesa no país, para formação profissional e acolhimento dos seus estudantes pelos países da comunidade lusófona.

Face à aproximação entre o país e a CPLP, Fonseca considera alcançável o necessário "consenso dos estados-membros" para o alargamento da comunidade a nove países, depois de cumprido o critério da língua portuguesa.
As autoriadades da Guiné Equatorial "deram-me a entender que o país está na disposição de introduzir o português como língua oficial, assim que as condições estejam reunidas", disse Luís Fonseca.

A Guiné Equatorial tem como língua corrente oficial e o espanhol e recentemente adoptou o francês, idioma corrente nos estados vizinhos, mas que quase não é falado no país.

O interesse da cooperação com a CPLP estende-se, também à Saúde, área em que pretende beneficiar da experiência de combate a doenças tropicais, em países como Cabo Verde.

O país presidido Obiang pretende ainda apoio, em particular de Cabo Verde, Portugal e Brasil, para desenvolver o turismo, como forma de diminuir a dependência em relação à produção petrolífera, actualmente a principal fonte de receitas.
"A Guiné Equatorial tem tido um crescimento espantoso, existem algumas importantes possibilidades de cooperação económica, como na formação de quadros e relações comerciais, que já mantêm com São Tomé e Angola; pensam que o Brasil e Portugal podem desempenhar um papel importante neste aspecto", disse o secretário executivo da CPLP.

A Guiné Equatorial "foi descoberta por Portugal, que ali teve presença até ao século XVIII, e mesmo depois da saída mantiveram-se contactos; Portugal deixou uma boa impressão" no país, diz Luís Fonseca.

O assunto do apoio ao ensino do português e formação profissional no país será abordado na próxima reunião ministrial da CPLP, no próximo dia 27 de Julho, na qual está prevista a presença de um ministro da Guiné Equatorial.
O país é actualmente o terceiro maior produtor de petróleo da África sub-saariana e disputa com o vizinho Gabão um grupo de ilhas fronteiriças consideradas de grande potencial para a exploração de petróleo.

Parece bom, à primeira vista. Ninguém ficaria mais contente do que eu com esta notícia. Mas interessará a Portugal apoiar uma ditadura das mais duras do continente africano, em troca de barris de petróleo e de uma medida meramente política, que para a população terá muito poucas consequências?
Eu sei da "ligação histórica" a Portugal, mas não nos chegam já as cruzes que temos que carregar? Realpolitik assim o obrigas...

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